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Astrocronologia: estudo da órbita da Terra ajuda a entender mudanças climáticas

Por| Editado por Patricia Gnipper | 14 de Dezembro de 2022 às 10h18

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OpenSpace/American Museum of Natural History
OpenSpace/American Museum of Natural History

Um estudo de pesquisadores americanos revelou que mudanças na órbita da Terra no passado teriam causado mudanças climáticas semelhantes às de hoje. O evento datado de cerca de 56 milhões de anos atrás levou o planeta a esquentar rapidamente e pode ser considerado um modelo análogo ao aquecimento global moderno.

O estudo analisou núcleos de sedimentos retirados da costa leste dos Estados Unidos através de uma técnica chamada astrocronologia. Ela consiste em encontrar as datas de depósito de cada camada de sedimento e compará-las com os padrões orbitais da Terra. Mudanças nestes padrões ocorrem a cada centenas ou milhares de anos e são conhecidas como ciclos de Milankovitch.

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Para os pesquisadores, foi importante observar o período conhecido como Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno (MTPE). Neste momento na história do nosso planeta, um brusco aumento na temperatura mudou as condições de vida na Terra.

As descobertas do estudo mostram que a excentricidade da órbita da Terra  (medida que indica se ela é mais oval ou mais circular) e a precessão de sua rotação (o ângulo que o planeta gira em torno de si) favoreceram o aquecimento global na ocasião.

O que isso tem a ver com os dias de hoje?

De acordo com Lee Kump, professor de geociências da Universidade da Pensilvânia, “um gatilho orbital pode ter levado a uma liberação de carbono que causou um grave aquecimento global durante o período.” A publicação, feita no periódico Nature Communications, ainda revela que o MTPE durou cerca de 6.000 anos. Antes não havia uma delimitação precisa do evento, com estimativas variando de centenas de anos até dezenas de milhares.

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Descobrir essa duração é importante para entender qual foi a taxa de liberação de carbono na atmosfera. O estudo estima que 10.000 gigatoneladas do elemento foram emitidas ao longo destes seis milênios, equivalente a cerca de 1,5 gigatonelada por ano. O preocupante é que as emissões humanas de carbono hoje são mais altas que isso.

“Nós estamos emitindo carbono a uma taxa de 5 a 10 vezes maior do que um evento que deixou uma marca permanente no planeta há 56 milhões de anos atrás,” declara o cientista.

A astrocronologia

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A forma com que a Terra orbita o Sol varia ligeiramente ao longo de milhares de anos devido às interações gravitacionais entre ela, o Sol e os outros mundos próximos. É possível calcular estas mudanças a fim de entender o quanto de luz solar a Terra recebe em cada período de sua história. E uma maior proximidade e um ângulo de inclinação mais favorável podem levar a mais calor recebido.

Ao mesmo tempo, os cientistas conseguem verificar as condições climáticas do passado analisando o conteúdo de sedimentos de cada época. A quantidade de cálcio e a suscetibilidade magnética das amostras são alguns dos indicadores usados no estudo para isso.

Para completar eventuais faltas de dados, existem métodos estatísticos que fornecem uma aproximação precisa. Para Kump, o processo de reconstruir a história da Terra é como um aplicativo que identifica músicas: “você pode cantar algumas notas e o aplicativo ainda vai acertar que música é — nós podemos usar a mesma abordagem para reconstruir estes registros”.

Fonte: Nature Communications Via: Phys.org